Para milhares de estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no final de semana, uma questão ficou aberta: o que fazer agora?
Após mais desconfianças com a prova depois da trapalhada do gabarito, a resposta pode não agradar: esperar e seguir a preparação para os vestibulares de verão. A expectativa deve durar dois meses, caso nada mais saia errado, quando a nota do Enem será divulgada. Então, se inicia uma etapa inédita para os candidatos a uma vaga no Ensino Superior: a da escolha da universidade desejada pela internet. Tudo indica que começa a ficar para trás a tradicional maratona de vestibulares, com estudantes realizando provas em diferentes instituições.
– Havia gente que realizava seis vestibulares, tendo de viajar para outras cidades. Isso, até do ponto de vista econômico, era muito custoso para os candidatos. O que pretendemos é racionalizar o sistema. Com apenas o Enem, será possível disputar vaga em cada vez mais universidades – avisa Carlos Artexes Simões, diretor de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica do Ministério da Educação.
O estudante entrará no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e conferirá a nota obtida. Na mesma página, haverá a lista das instituições em todo o país que usam o Enem como forma de seleção.
Ao selecionar a universidade e colocar a nota, o sistema informará se o interessado tem média suficiente para ingressar. Mas ainda não será a hora de mandar fazer a faixa. A média para aquele curso pode aumentar à medida que outros candidatos com notas melhores o escolherem. A ordem de chegada não fará diferença.
Enquanto o sistema estiver no ar, será possível simular escolhas, conferir as notas e mudar de opção. No final do prazo, o aluno poderá se inscrever em até cinco cursos de no máximo cinco instituições. Esse processo deve se repetir cinco vezes até a distribuição completa das vagas.
Pelo que mostrou no final de semana, o exame tem condições de melhorar nos próximos anos. A professora de geografia Roselane Costella, que desde 1998 acompanha o Enem, acredita que a tendência é a prova se firmar como uma substituta dos vestibulares.
– Essa primeira edição mostrou consistência e respeito ao que se ensina no Ensino Médio. Mas ainda precisa avançar no caráter interdisciplinar das questões – afirma a educadora, que leciona nos ensinos Médio e Superior de Porto Alegre.
O que o estudante terá de fazer agora
- Provavelmente em 5 de fevereiro, após o final do período de vestibulares, o candidato irá conferir sua nota no site www.enem.inep.gov.br. Na mesma página, poderá ver a lista das instituições.
- Ao selecionar uma opção e colocar a sua nota, o sistema informará se tem ou não média suficiente para ingressar. Essa informação pode mudar quando mais candidatos entrarem no sistema e escolherem o curso, com médias mais altas. É importante ficar atento.
- Será possível simular escolhas, checar notas e mudar de opção quantas vezes desejar até o fim do prazo, quando poderá se inscrever em até cinco cursos de no máximo cinco instituições.
- O sistema classificará os inscritos com as melhores notas por curso. Cada um será selecionado para uma graduação. Cinco chamamentos estão programados, mas a primeira opção é a mais importante.
Para onde pode ir o exame?
- Pelo conteúdo que mostrou, pode se firmar no lugar dos vestibulares. Mas a organização do próximo Enem terá de ser perfeita sob pena de cair no total descrédito.
- O Inep dá sinais de que poderá realizar duas edições do Enem em 2010 para atender às instituições com vestibular no meio do ano.
- O conceito da divisão das provas por áreas deve melhorar. Por enquanto, as questões não são interdisciplinares como deveriam.
- A exigência da interpretação promete aumentar nos próximos anos para atender ao que pretende o Enem. Macetes para chegar à resposta devem perder a utilidade.
- A dimensão continental do Brasil pede provas diferentes para cada região do país. Diversos temas locais não puderam ser abordados por ser uma prova nacional.
Fonte: ClickRBS
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